| ciclo | 2º Ciclo |
| id | Constança-4 |
| pof | entrevista_Constança |
| keys | Desigualdade de oportunidades // Desigualdades sociais // analfabetismo dos pais |
| nvivo | Incidentes críticos |
| geo | Portalegre – Alentejo |
Provavelmente também chegou a ser directora de turma.
Constança: Não, nesses dois anos não fui. Curiosamente não fui e, portanto, essa realidade de contacto com as famílias não tive no Alentejo. Ia sabendo, pelos colegas, de algumas questões e fui-me apercebendo das dinâmicas familiares e das dificuldades que algumas crianças tinham em frequentar a escola. Algumas dormiam nesse colégio em Portalegre. Portanto, os pais que tinham mais poder económico. Eles ficavam lá durante a semana, mas nem todos tinham o poder económico para poder pagar a estadia e, portanto, alguns faziam muitos quilómetros durante a noite e no Inverno era penoso, quer dizer, quando saíam da escola já era noite, chegavam a casa tardíssimo e iam trabalhar. Dava para perceber, até pelas mãozinhas deles, a vida era difícil. Porque eu não tive contacto com as famílias e as famílias dessas crianças que moravam longe, também não eram muito presentes na escola, como é óbvio. Trabalhavam no campo, não tinham grande disponibilidade para ir à escola. Havia alguns bons alunos, mas muitos deles tinham muitas dificuldades, porque a maior parte dos pai ainda eram analfabetos, e portanto naquela época eram muitos, ainda muitos analfabetos. Portanto, eu diria que as crianças que estavam no colégio eram as crianças mais favorecidas e portanto, essas, até tinham um ambiente dentro do colégio em que estavam com colegas, podiam estudar em conjunto e até tinham lá professores.
Sim, e as próprias freiras ajudavam as crianças, portanto, havia uma realidade muito adversa.