| ciclo | 1º Ciclo |
| id | Gabriela-6 |
| pof | entrevista_Gabriela |
| tempoh | 1987 |
| keys | inspeção // condições da escola // instalações |
| nvivo | incidentes críticos |
E também tenho coisas engraçadas, ainda antes da L. nascer. Eu estava grávida dela e estiva numa aldeia, e então nós éramos visitados pelos inspetores. Mas eles não avisavam, agora avisam, a gente sabe que vêm ao agrupamento de tanto a tanto. A gente procura ter tudo mais ou menos bem e é mais da responsabilidade do agrupamento, não é? Podem ir ver-nos dar aulas ou à nossa sala, mas a maior responsabilidade é do diretor e da direção. Mas naquela altura não! Portanto, eu lembro-me perfeitamente, eu estava grávida da L., portanto há 36 anos e havia um inspetor, que era o inspetor D. que era muito exigente na pontualidade e nós sabíamos isso. Mas, portanto, nós íamos em carros, portanto, uma professora levava esta semana o carro, para outra semana levava outra e fazíamos grupos, e deixávamos toda a gente. E nessa semana eu levava o carro. Então quando lá cheguei, vejo logo o carro do inspetor na porta. Pronto, eu fiz de conta, também ainda não eram 9h00, mas ele ia sempre um quarto de hora antes que era para ver se apanhava as professoras a chegarem tarde. Eu lembro-me tão bem, estava lá o inspetor, o carro parado - um carro verde, lembro-me perfeitamente! - e diziam que ele era assim, nem era má pessoa, mas na pontualidade era muito exigente. Eu cheguei, ele não saiu do carro, eu abri a porta da escola e entrei, e depois veio ele. Depois disse-me que era o inspetor, mas eu já sabia porque já conhecia o carro! Não conhecia o senhor, mas conhecia o carro daquilo que as outras colegas diziam. Então disse “sou o inspetor”, e eu apresentei-me e disse “seja bem vindo, entre!”, o que é que eu havia de fazer? (risos). Mas pronto, eu fiz de conta que sim, que estava a contar e que gostei que ele fosse, mas eu sabia que era assim um bocado… e pronto, ele entrou e como sempre, no inverno, naquela altura a gente tinha aqueles fogões a lenha, em que tínhamos lá no pátio a lenha partida que a Junta de Freguesia punha lá. E então, pronto, como fazíamos diariamente, íamos acender o fogão a lenha. A lenha nesse dia era grande demais e não se podia pôr a tampa no fogão, portanto, deitava fumo para a sala e a sala encheu-se de fumo e diz-me ele “isto não tem jeito nenhum! A Junta de Freguesia tem a obrigação de pôr aqui lenha com as dimensões certas”, só que a gente ainda era nova no assunto, nem pedia, nem nada. “Não pode ser! Não pode ser! Há aqui alguma criança que viva aqui perto da escola?”, “olhe esta menina, a casa dela é aqui mesmo em frente, senhor inspetor”, “diga-lhe a ela que vá lá buscar” - isto é uma coisa que nunca tinha acontecido na minha vida e nunca mais me aconteceu - “que vá lá buscar o malho”. O malho era um machado de rachar lenha bem grande, e eu disse “olha vai lá e vê se o teu pai tem lá uma machada que te deixe trazer”, e a garota foi lá e ele partiu a lenha! (risos)