| ciclo | 2º Ciclo |
| id | Rosário-3 |
| pof | entrevista_Rosário |
| keys | Reconhecimento profissional |
| nvivo | Incidentes críticos |
Estou-me a lembrar de uma - ainda foi numa escola, na altura, nova, foi na outra. Num dia em que eu ia para uma sala de aula e vejo tudo escuro, a porta fechada e a escola escura e os alunos lá dentro. E, de repente, abre-se a luz: é o dia dos meus anos, então eles quiseram fazer-me essa alegria, ver se eu ficava satisfeita, se eu ficava contente. Estou-me a lembrar disso, estou-me a lembrar da questão de eles ainda se lembrarem de mim, virem ter comigo e dizerem: “foi minha professora e gostei muito”, e não sei quê. Para mim, isso é uma alegria muito grande. Eu gosto muito, porque eu já nem os conheço, a maior parte eu já nem os conheço. Eles vêm ter comigo: “eu não me esqueci, se eu gosto de Matemática é graças a si”, “olhe que é graças a si que eu gosto de Matemática”, ou “se eu tenho o curso de Matemática é graças a si”, ou coisa assim do género. Isso alegra muito. Ou “a senhora foi como uma mãe para mim”, porque tinha dificuldades, a miúda, tinha dificuldades e eu dei ordens para lhe levarem o lanche a meio da manhã e eu pagava… sei lá - também não tinha direito à ação social escolar, mas a garota tinha fome e eu dei ordem - ou eu ficar mais tempo no final das aulas, portanto, a saída era às cinco, cinco e um quarto, acho eu, e eu ficava mais tempo com alguns que pediam para os ajudar a ultrapassar certas dificuldades. Sim, estou-me a lembrar disso, não sei se há mais coisas. Isso dava-me uma alegria muito grande, pelo menos como uma compensação interior, não é? Eu gostei muito de ser professora, gostei e gosto. E quando não os tenho fico com uma neura desgraçada.