– Donde vem a carta, senhora Maria?
– Vem da capital é da Companhia.(A Maria Pêdra / tem um ar de pedra
onde nem deixaram / crescer uma erva).– E que diz a carta, senhora Maria?
– Que no Douro o sol nasce ao meio-dia.(A Maria Pêdra / fala como quem
entra numa igreja / e não vê ninguém).– É sobre o seu filho, senhora Maria?
– Tivesse eu dinheiro que nada haveria.(A Maria Pêdra / tem no pensamento
um velho estandarte / flutuando ao vento).– Mas que diz a carta, senhora Maria?
– Pudesse eu falar contra a Companhia!…(A Maria Pêdra / é como o poeta
que mete os poemas / dentro da gaveta).