João de Freitas Branco

[Lisboa, 10 de Janeiro de 1922 — Caxias, Portugal, 17 de Novembro de 1989]

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João de Freitas Branco foi um musicólogo e matemático português. Nasceu no dia 10 de Janeiro de 1922, em Lisboa, no edifício do Conservatório Nacional, filho único do compositor Luís de Freitas Branco e de Maria Clara Dambert Filgueiras, sobrinha do maestro e compositor Luís Filgueiras. O facto de viver no edifício do Conservatório Nacional proporciona-lhe, durante a infância e parte da adolescência (até os 15 anos), a convivência directa com José Viana da Mota, de quem colhe preciosos ensinamentos e conselhos.

Dedica-se assim, desde criança, ao estudo da música, tendo começado a ajudar o seu pai, em 1938, como crítico musical do jornal “O Século”. Após conclusão do curso geral dos liceus no Liceu Pedro Nunes em 1939, matricula-se nesse mesmo ano no curso de matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Entretanto, continua a estudar música, frequentando, agora já como aluno interno, o curso Superior de Piano, na classe de Campos Coelho. No Conservatório foi ainda discípulo de seu pai, Luís de Freitas Branco (Composição), Adélia Heinz (Piano), José Henriques dos Santos (Harmonia), Leonor Viana da Mota (canto) e Jorge Croner de Vasconcelos (Canto e Contraponto). Mais tarde, mas como autodidacta, prosseguirá os estudos superiores de Composição, Instrumentação e História da Música.

Em 1944 conclui a licenciatura em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências de Lisboa e ingressa no grupo de investigação matemática dirigido por Ruy Luís Gomes. Nesta época, beneficia também da orientação de outros mestres como Aniceto Monteiro e Bento de Jesus Caraça (que era, nesta altura, talvez o melhor amigo de seu pai). Começa a desempenhar as funções de assistente de programas musicais na Emissora Nacional. É contratado pelo Colégio Manuel Bernardes para dar aulas de matemática.

Em 1947 participa em acções de oposição ao regime de Salazar. No final do ano lectivo deixa de exercer as funções de professor no Colégio Manuel Bernardes e nunca mais voltará a dar aulas de matemática, muito embora os alunos o tenham eleito como um dos melhores docentes do colégio.

Em 1948 fez parte do grupo que funda a Juventude Musical Portuguesa.

Em 1955 é convidado pelo Professor Almeida e Costa a ingressar num grupo de investigação em matemática, mas as suas actividades já então estavam demasiado absorvidas pela música para que pudesse aceitar. A 27 de Novembro morre seu pai.

Em 1956 cria o programa de rádio “O Gosto pela Música” na Emissora Nacional, que durará 29 anos sem interrupção.

Publicou diversas obras na área musical, traduziu outras. Prefaciou alguns livros e escreveu inúmeros artigos. Acompanhou Stravinski enquanto este esteve em Lisboa e pode ter longas conversas com ele. Conheceu pessoalmente outras figuras cimeiras da criação musical do século XX. Em 1967 regeu um curso de História da Música na Exposição Mundial (Canadá) e também na Fundação Gulbenkian. Foi director do Teatro de São Carlos de 1970 a 1974.

Recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia pela Universidade Humboldt de Berlim. Entre 1974 e 1975 foi Director-Geral dos Assuntos Culturais e Secretário de Estado da Cultura e Educação Permanente. Em 1985 regressou ao Teatro Nacional de São Carlos como Administrador-Director Artístico e da Produção, e em 1987 foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito da Secretaria de Estado da Cultura.

Segundo Jorge Calado, do Instituto Superior Técnico, “João de Freitas Branco foi sem dúvida o grande educador musical dos portugueses”. (Fontes: Wikipédia e J.F. Branco)