| ciclo | 3º Ciclo e Secundário |
| id | Ivone-1 |
| pof | entrevista_Ivone |
Depois em 2004, talvez em 2005, eu era delegada de Francês. Como é que se chamava? O elemento que estava no Instituto Francês, nessa altura, não me lembro agora do nome da função que ele desempenhava e que esteve cá há uns anos. Desafiou-me e eu desafiei o Liceu, uma vez que nós tínhamos muitos alunos que vinham da escola francesa, para iniciarmos um novo projeto de ensino bilingue, que é qualquer coisa que existe na Europa já há vários anos e que, em Portugal, era de todo desconhecido. Acabou por me tocar a mim a parte, inicialmente mais ingrata e mais difícil, que foi começar a elaborar um projeto escrito de ensino bilíngue em português, em Portugal - que de todo, eu não sabia como fazer. Foi preciso pesquisar, procurar através do apoio dele. Ele ia-me dando alguma orientação. Fez-se o projeto, mas a nível de Ministério não havia qualquer recetividade nem resposta, que é muito habitual, que é muito habitual. Acabámos por iniciar essa experiência no Liceu porque quem estava na direção era do nosso grupo e aberta a uma experiência desse tipo. Tivemos alunos e pais que também aderiram. Começou a funcionar. Tivemos outros colegas, porque isso implica ter colegas de outros grupos disciplinares que saibam francês e que possam lecionar em francês, pelo menos parcialmente. Foi todo um trabalho que teve que associar professores de diferentes áreas, motivá-los, entusiasmá-los, etc.. Lançamo-nos nessa aventura e depois, paralelamente, o Instituto Francês, através da Embaixada de França, foi fazendo pressão sobre o Ministério. Até que o Ministério se interessou pelo projeto, quis saber como é que estávamos a funcionar, os elementos que tínhamos, o material que tínhamos produzido, etc. Daí, regulamentou as secções bilingues. A partir daí começaram as complicações. Começou na [Escola] H., depois outras [escolas] aderiram aqui na zona Norte e depois no resto do país eu não sei. Isto foi 2005-06, eu já me preparava para me aposentar. Tentei criar uma equipa que continuasse esse projeto. A colega que me substituiu, também, saiu um ano depois de mim. Ainda não tendo a idade, mas preferindo a penalização. A curto prazo essa experiência terminou na [Escola] H.. Sei que havia outra escola na zona de Gaia a funcionar. Parecia-me bem. Fizemos ainda exames aos alunos que frequentavam lá e noutras escolas, aqueles fizemos de acordo com o quadro de referência da linguística, aquela terminologia dos níveis, para depois ser corrigido na Faculdade de Letras. Como o projeto… é uma coisa que sempre me fez muita, muita, muita confusão e muita mágoa, ao mesmo tempo, quer a nível da minha área profissional, quer a nível de muitos outros aspetos. É que se começam as coisas e depois não se chegam a avaliar os resultados. Terminam de forma incompleta. Todo um investimento, quer material, quer pessoal, é deitado para o lixo. Quando nós trabalhámos esse projecto, São Tomé, já era a segunda vez que havia um protocolo desse género. O primeiro projeto não tinha chegado ao fim.