43.1 Histórias da avaliação externa dos alunos

ciclo 3º Ciclo e Secundário
id Célia-1
pof entrevista_Célia
keys exames nacionais // GAVE // formação dos professores classificadores

Vou-lhe contar mais uma história. Nós, do GAVE - eu adorei [lá] trabalhar. Eu adorei trabalhar no GAVE. Primeiro porque trabalhava com a professora H., que é uma pessoa por quem eu tenho uma enorme admiração. Vou-lhe dizer. Ela é um bocadinho mais velha que eu. Ela tinha sido minha colega na Escola G., como aluna. Conhecemo-nos na Escola G. Depois, ela foi para Física, estava a acabar o curso [de ensino superior] quando eu entrei. Politicamente, tínhamos uma grande empatia. Depois, ela foi para os Estados Unidos [da América] e, quando voltou, convidou-me para isto. Deixe-me dizer-lhe, já agora, porque quero prestar-lhe esta minha homenagem. Ela é das pessoas que melhor sabe dirigir democraticamente. Bom, mas eu ia no GAVE. Houve uma situação muito engraçada. Eu escolhi uns autores que sabia que estavam comigo nesta transformação. Depois, uns consultores que também estavam comigo. Mas os auditores, auditam, portanto, não sabiam, só tinham conhecimento no fim. As provas eram feitas da seguinte forma. Faziam-se cinco provas por ano. Uma para ser enviada para as escolas, como modelo - era chamada prova modelo - que eu digo-lhe que não estou muito de acordo, mas eram as regras, não era eu que as fazia. No primeiro ano em que eu estive no GAVE, saiu a prova modelo para os auditores, sem eles saberem desta grande transformação que estava a ser feita na estrutura das provas. Isto foi em dezembro. O que é que acontece? Se os auditores reprovassem aquilo eu teria de fazer outras cinco provas, teria que ser assim. Eu não, eu e toda a equipa. Então, passei o mês de dezembro em ânsias, como calcula. Em meados de dezembro, eu cheguei ao GAVE - eles mandavam um relatório - e dizem-me: “O relatório foi excelente.”. Eu digo-lhe uma coisa, foi uma alegria. Eu acho que quem se empenha naquilo que faz… São pequenas vitórias, do próprio ensino. Eu acho que aquilo foi bom para todos. Estive ali 11 anos. Depois fiz uma coisa muito interessante também, a formação dos classificadores. Nós fizemos ações de formação.Eu agora não sei como, estou a dizer como foi. Fizemos ações [de formação] na Matemática, na Biologia e na Química. Essas ações eram feitas em Coimbra, no Porto e em Lisboa. Para quem? Para os professores que iam classificar as provas. Nós esmiuçávamos, ao pormenor, a filosofia que estava por trás dos critérios. Foi uma aprendizagem fantástica. Eu conheci centenas de professores. Aprendi muito com eles. Foram 11 anos. Entretanto, não sei se isto interessa muito, mas, antes do GAVE, eu fundei uma editora.