| ciclo | 1º Ciclo |
| id | Clara-5 |
| pof | entrevista_Clara |
Por exemplo uma experiência aliciante para mim que eu já referi foi o ensino de adultos. Eu, quando cheguei à sala, perante aquela turma heterogénea tanto em idades como em conhecimentos que eu nem pensava que existisse (isto tudo descobertas que eu fui fazendo): se eu fizesse uma pergunta eles diziam de imediato “Isso é demasiada areia para a minha camioneta”. Até que um dia eu, com má cara disse: “Meus senhores, se os senhores soubessem aquilo que eu sei, eu não precisava de estar aqui. E os senhores também sabem coisas que eu não sei. Portanto, os senhores vão me ensinar a mim aquilo que eu não sei e eu vou ensinar aquilo que os senhores não sabem”. Descobri que o mais importante a ensinar aos adultos era cidadania. Era que eles descobrissem que eram seres com direitos. Que tinham obrigações, mas que também tinham alguns direitos. Então, o mais interessante disto, por falar em entusiasmo, é que já no fim do ano letivo uma senhora redigiu um texto que falava sobre batatas. E eu, quando li o texto com a senhora até ia para sugerir algumas alterações no português. Nem sequer era na história das batatas, nem como se plantavam batatas. E a senhora disse-me assim: “Desculpe, professora, mas a senhora sabe de redações, mas quem sabe de batatas sou eu!” (Risos) e eu já nem a emendei e disse: “Tem muita razão”.