4.2 A caminho do espetáculo de José Barata Moura

ciclo 1º Ciclo
id Clara-2
pof entrevista_Clara
keys José Barata Moura // área escola // natureza // área aberta

Olhe, para fazer uma ideia do que foi a minha geração no ensino/aprendizagem, eu dou só como exemplo que eu era professora na escola da Ortigosa e veio a aldeia perto, ao Souto da Carpalhosa, veio lá cantar o José…aquele que cantava a “Joana come a papa” e essas cantigas infantis… Não era amor que ele se chamava, era… Olhe, não me lembro. Que vergonha não me lembrar! Mas nós fomos a pé com os alunos da Ortigosa ao Souto da Carpalhosa. Portanto, se quer mais área aberta do que isto… Nós fomos a pé. E então, mais engraçado, é que os alunos que conheciam aquilo, levaram-nos pelo meio dos terrenos e depois, chegámos a uma altura em que tivemos de passar o ribeiro e nem eu nem a minha colega íamos preparadas (risos) para atravessar um curso de água. Então, o garoto que tinha os pés maiores emprestou-nos os botins. Agora imagine nós as duas em bicos de pés dentro dos botins do garoto a atravessar a vala. A Área Aberta, a colaboração entre os professores, os projetos da escola, não aparecem quando nasce a legislação. Eu acho que a legislação veio dar resposta àquilo, à prática que já se tinha. Eu fui professora, como lhe disse, no Magistério Primário e nós todos os anos fazíamos uns projetos interessantíssimos. Lembro-me de um (e eu estava sempre metida até à ponta dos cabelos nessas coisas) (risos)…fizemos um projeto de Área Escola com ateliês em que nos deslocávamos à cidade e, repare, isto implica meios de transporte! Envolveu a PSP e a rodoviária. Nós trouxemos à cidade, os diferentes ateliers que as professoras estavam a organizar e trouxemos as crianças das aldeias próximas. Eu lembro, por exemplo, do de culinária que a colega disse assim: “Tenho muita pena, mas eu vou fazer lombo. Farta de comer mal está esta gente!” (Risos). Ela com as crianças fazia lá lombo com a receita que ela tinha e todos comiam um bocadinho do lombo. Tivemos um atelier de madeiras que também foi engraçadíssimo. Havia obras na cidade e da escola do Magistério Primário via-se uma grua enorme então, as crianças foram construindo essa grua em madeira com um professor de filosofia que era professor na escola do Magistério Primário. Depois, mais tarde, a Câmara Municipal de Leiria organizou um projeto a que chamou “Leiriescola”. Portanto, e veja isto é tudo anterior… E fez precisamente isso dos ateliers eu também estive a ajudar a estruturar a forma de transportar as crianças. Nós chegámos sair da escola do Magistério Primário e ir a uma escola piloto que houve em Penafiel e que tinha muita fama. Então organizamos o passeio e lá fomos todos em excursão. Só não levamos o “palhinhas”, não é? (risos). Lá fomos todos em excursão a Penafiel. É aquilo que eu disse, nós concluímos que nós, não sendo um projeto piloto em área aberta, nós já estávamos a trabalhar há muito tempo em área aberta e, de forma imodesta, reconhecemos que até estávamos a fazer melhor, pronto. Isto é verdade! Podem achar que é um ego exacerbado, mas é verdade. Não era só eu. Era eu e todas as outras colegas.