2.2 Um pai moderno

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keys A punição escolar // memórias pessoais da escola
nvivo Incidentes críticos

Eu, pessoalmente não tenho más recordações da minha escola primária. Levei algumas palmadas, às vezes estava distraída. Eu lembro-me de uma coisa que me marcou, que guardo com muita ternura. Quando dávamos mais de três erros, levávamos uma reguada. Uma vez pousei a mão na esquina da mesa da professora e ela disse - porque é boa gente: “Rapariga, levanta a mão senão aleijo-te!”. Se fossem outras podiam não ter feito aquilo. Tenho de reconhecer que a professora foi fantástica. Ela deu-me uma palmada porque era regra, mas não era para aleijar. A única coisa menos boa da minha escola primária foi um dia, em que eu estava no terceiro ano, e a professora [bateu-me]. Na altura, os anéis de noivado tinham assim umas estrelinhas, e nesse dia a professora já não estava bem disposta, mas ela teve razão em bater-me. Ela tinha mandado copiar uma coisa do quadro. Eu fiz de conta que tinha copiado e não tinha. Ela teve razão. Ela deu-me umas belas lambadas. Quando eu saí da escola, uma tia minha que morava lá perto perguntou-me: “Os garotos bateram-te?”. Eu disse: “Não, foi a professora”. Depois, em casa, o meu pai não achou piada. Ele já era moderno. Antigamente, não era como agora, mas o meu pai era tão moderno que foi à escola. Não foi gritar com a professora, não foi fazer chinfrim, mas foi falar com ela e disse: “Professora, se a garota não puder passar, não a passe, mas não quero que a trate assim”. O meu marido, por exemplo, fala-me de braços e cabeças partidos. É completamente diferente. Na minha escola não me lembro dessas coisas, graças a Deus.