| ciclo | 1º Ciclo |
| id | Mónica-4 |
| pof | entrevista_Mónica |
pessoas
Depois é assim: toda a gente almoçava na escola porque não tinha tempo para vir a casa, porque as casas, normalmente, toda a gente ficava longe a não ser uma ou outra que eram lá da terrinha onde nós ficávamos. E depois fazia-se grande paródia, faziam-se uns grandes lanches, grandes almoços em conjunto; uma levava uma coisa, outra levava outra e fazia-se o almoço. Havia muita solidariedade, por exemplo, nas questões das boleias: Íamos apanhando as pessoas… porque muitos sítios onde se trabalhava não tinham transportes públicos. Ou se ficava lá, por exemplo, nessa escola que eu agora me estou a lembrar, em Beira, Paredes, pertíssimo daqui, se eu não tivesse boleia de uma colega, eu não podia vir a casa, pura e simplesmente. Tinha que lá ficar. Havia assim essa questão. Agora é assim, muito respeito pelos professores, muita deferência a nível dos pais e a nível dos miúdos; a nível dos miúdos talvez um bocadinho de medo ainda porque eu lembro-me… já mais tarde, já bastante mais tarde, aqui no Porto, eu fui para uma escola assim, ali de Noêda, no bairro, a escola de Noêda, e a primeira coisa que o um dos miúdos me trouxe foi uma régua [risos]. E eu perguntei que era aquilo. Era uma régua. “Para quê que quero isso?” “Foi o meu pai que fez, que se eu me portar mal, a senhora professora bate-me.” “Está bem, então fica aqui.” Ainda estavam muito marcados aqueles tempos do castigo físico e… dessas coisas.