Reconhecer o perigo
Reconhecer o mal
Não há pior instinto
É como ser um cristalAdivinhar um beijo
De um olhar sedutor
As coisas que antevejo
Trespassam-me de temorAcendem-se os sinais
Repetem-se os avisos
Um ou dois passos mais
Ou só mais alguns sorrisosEnquanto o nevoeiro
É cada vez mais denso
Entre o que ainda não disse
E o que se calhar não pensoO que vai ser juro que vi
Sair aquela porta e nem sequer se despedir
O que vai ser juro que ouvi
Dizer que este momento nunca passa além daquiO Sol á meia-noite
Cega mais que de dia
Só quem nele se queima
É que sabe da agoniaQue vem assim de dentro
r tão fria
Como um surdo lamento
Como uma maré vaziaE se deixasse cair os braços
Ou lança-los em redor de ti
E se deixasse enganar a alma
E fosse o abismo que já previ
(Galamares, 23-8-99)