Vi-te de longe no escuro
onde já não te esperava encontrar.
Não era a noite,
nem era o sono.
Nem falta de alma p'ra te procurar.Fui-me chegando mais perto,
devagarinho para não pisar
o coração...
talvez o meu
bata tão forte para te avisar.Há tantas vidas
sigo o cheiro
que me deixaste preso ás mãos
e me sufoca ao meio da noite
numa boa maldiçãoHá quantas vidas que eu desejo
ter mais coragem que paixão,
e confessar tudo o que o tempo
me guardou no coraçãoNão era falta de fé
ou confiança p'ra me revelar,
era só medo
que as tuas águas
fossem tão fundas que perdesse o pé.Já me perdi no passado
por insistir em querer adivinhar
o que pensavas,
que não abrias
nenhuma porta para eu entrar.Talvez mate o destino
de uma vez
se um beijo escorregar
mesmo á traiçãoQuem sabe
se no escuro a luz se acende
e então...
darás por todos
os recados que mandei.
lr(Galamares, 11/12-11-97)