Se todos os desejos fossem medos
E todos os teus gritos vagabundos
E todos os teus gestos só enredos
De uma novela fora deste mundoSe todos os teus choros fossem raiva
E os dedos fossem pontas de navalha
Os olhos, de repente, a luz que crava
A lança quando o coração te falhaSe a luz do teu sorriso fosse fogo
E o som da tua voz fosse um punhal
Que brilha ao escuro na Hora do Lobo
Quando um suspiro sopra um vendavalEspero por ti
Na Hora do Lobo
Quando as nossas sombras são iguais
Espero por ti
Na Hora do Lobo
Se estamos juntos não somos demaisSe todos os teus passos fossem grandes
Correndo todo o mundo num só salto
E os braços fossem asas esvoaçantes
Da Águia que vigia lá no altoSe todas as fraquezas fossem forças
Daquelas que rebentam as muralhas
Que crescem pelo meio das tuas rotas
E que te põem dentro das batalhasSe toda a tua vida fosse tua
E o teu destino fosse teu refém
Se a Terra toda fosse a tua rua
E a tua rua fosse de ninguém
lr(Galamares, 29-12-1997)