foi num baile a meio de Junho
entre canecas de vinho
e ela em vez de ganga russa
tinha um corpete de linhoenquanto a moça dançava
a mim dava-me a doideira
já não sei se era do vinho
ou se era da bailadeirative de ir a ter com ela
e perguntar-lhe de onde vinha
ela respondeu-me manhosa
'C'uns raios! Sou de Caminha!'eu contei-lhe o que sentia
que me tinha apaixonado
e ela disse-me que ainda
a procissão ia no adroa minhota prometeu-me
que ainda havia de ser minha
quando se acabar o baile
vai-me levar para Caminhamas o vinho não perdoa
e a manhã veio apressada
a minhota foi-se embora
e eu nem sequer dei por nadaacordei com o Sol alto
no terreiro já vazio
tudo aquilo parecia
que era um sonho fugidioquis ir à procura dela
pensei nela todo o dia
mas passaram tantas horas
onde é que ela já estariaPra que bebi tanto vinho
fiquei tão arrependido
não me saía da ideia
o que ela tinha prometidoa minhota prometeu-me
que ainda havia de ser minha
quando se acabar o baile
vai-me levar para Caminha
Victor Almeida