'Não venhas tarde', dizes-me tu com carinho,
Sem nunca fazer alarde do que me pedes, baixinho
'Não venhas tarde', e eu peço a Deus que, no fim,
Teu coração 'inda guarde um pouco de amor por mim.
Tu sabes bem que eu vou p'ra outra mulher,
Que ela me prende também, que eu só faço o que ela quer;
Tu estás sentindo que te minto e sou cobarde,
Mas sabes dizer sorrindo, 'meu amor, não venhas tarde'
'Não venhas tarde', dizes-me sem azedume,
Quando o teu coração arde na fogueira do ciúme,
'Não venhas tarde', dizes-me tu da janela,
Eu venho sempre mais tarde, porque não sei fugir dela.
Tu sabes bem que eu vou p'ra outra mulher,
Que ela me prende também, que eu só faço o que ela quer;
Sem alegria, eu confesso, tenho medo,
Que tu me digas, um dia, 'meu amor, não venhas cedo'
Por ironia, pois nunca sei onde vais,
Que eu chegue cedo, algum dia, e seja tarde demais!