'leve levemente como quem chama por mim'
Fundido na bruma no nevoeiro sem fimUma ideia brilhante cintila no escuro
Um odor a tensão do medo puroSalto o muro, cuidado com o cão
Vejo onde ponho o pé, iço-me a mãoEncosto ao vidro um anel de brilhantes
É de fancaria a fingir diamantesSalto a janela com muita atenção
Ponho-me à escuta, bate-me o coraçãoSabem que me escondo na Bellevue
Ninguém comparece ao meu rendez-vousPorta atrás porta pelo corredor
O foco de luz no ultimo estertorNo espelho um esgar, um sorriso cruel
Atrás da ultima porta a cama de dosselSalto para cima experimento o colchão
Onde era sangue é só solidãoOs meus amigos enterrados no jardim
E agora mais ninguém confia em mimEra só para brincar ao cinema negro
Os corpos no lago eram de gente no desemprego
Victor Almeida