title: Os Demónios de Alcácer Quibir author: Sérgio Godinho in: "De pequenino se torce o destino", 1976 jeito: Victor Almeida Os portugueses foram tão longe Que às vezes perderam a própria luz Algures nos campos de Alcácer Quibir Perdemos a luz própria e a própria luz. "Os Demónios de Alcácer Quibir" O D. Sebastião foi para Alcácer-Quibir de lança na mão a investir a investir com o cavalo atulhado de livros de história e guitarras de fado para cantar vitória O D. Sebastião já tinha hipotecado toda a nação por dez reis de mel coado para comprar soldados lanças armaduras para comprar o "V" das vitórias futuras O D. Sebastião era um belo pedante foi mandar vir para uma terra distante pôs-se a discursar: isto aqui é só meu vamos lá trabalhar que quem manda sou eu Mas o mouro é que conhecia o deserto de trás para diante e de longe e de perto o mouro é que sabia que o deserto queima e abrasa o mouro é que jogava em casa E o D. Sebastião levou tantas na pinha que ao voltar cá (aí) encontrou a vizinha espanhola sentada na cama deitada no trono e o país mudado de dono E o D. Sebastião acabou na moirama um bebé chorão sem regaço nem mama a beber a contar tim por tim tim a explicar a morrer sim mas devagar E apanhou tal dose do tal nevoeiro que a tuberculose o mandou para o galheiro fez-se um funeral com princesas e reis e etcetera e tal, Viva Portugal